quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Deputados armam perdão ao calote de R$ 4 bilhões!

Do Blog do José Cruz - http://josecruz.blogosfera.uol.com.br/
Coincidentemente, enquanto o torcedor brasileiro se emociona com o sorteio das chaves da Copa do Mundo, sexta-feira, na Câmara dos Deputados uma comissão especial começa a discutir sobre as dívida de R$ 4 bilhões dos clubes de futebol para com o INSS e o Imposto de Renda. O momento para desviar a atenção sobre o calote histórico é oportuníssimo.
A Comissão Especial que trata desse assunto, presidida pelo deputado Jovair Arantes (PTB/GO), começa hoje uma série de mais de 20 audiências públicas, que vão invadir o primeiro semestre de 2014. O assunto está no Projeto de Lei 6.753/13,denominado de “Proforte”, apresentado porque as finanças dos clubes é “desesperadora e debilitada”, como disse Jovair.
Mas, afinal, qual o valor da dívida? Nem os próprios deputados sabem. O governo trata do assunto em “sigilo” e não revela valores. Portanto, o debate será com informações fictícias. Certo é que, nos dois refinanciamentos já realizados nos últimos anos para tentar resolver o calote não foram honrados. Agora vem o Proforte, espécie de perdão da dívida, um projeto escandaloso e ofensivo ao contribuinte comum, como já comentei.
Pior:
Além da dívida fiscal, há outra, também de valores desconhecidos, para com o FGTS. Este assunto não estava na ordem do dia dos debates, até que o deputado Romário (PSB/RJ), questionou a Mesa da Comissão sobre o assunto. Alvoroço geral, e o calote no Fundo de Garantia pelos cartolas espertos também entrará na ordem do dia das discussões.
Extremos
Os debates sobre a fragilidade financeira do nosso futebol começam na Comissão Especial, enquanto a Fifa projeta lucro de R$ 4 bilhões na Copa 2014, graças, também às isenções fiscais concedidas pelo governo federal. A miséria, a fartura e a irresponsabilidade pública convivem harmoniosamente sob aplausos dos cartolas e incentivo dos torcedores.
A gestão do futebol é frágil de propósito. Quanto pior o controle das contas melhor para armar falcatruas, promover evasão de divisas, sonegação fiscal etc, que se perpetuam na história do esporte.
Foi essa desordem que propiciou esse roubo escandaloso de R$ 4 bilhões ao longo dos anos – a maior parte da dívida devido aos juros e correções.
Recentemente, numa declaração espantosa, o ex-presidente do Vasco, Eurico Miranda, também ex-deputado federal, declarou que os valores descontados dos jogadores não eram repassados ao INSS e Receita. Foi o atestado claro de apropriação indébita de quem também participou do esquema. Agora, com o apoio do Ministério do Esporte, Câmara e Senado se unem para inocentar o ladrão de ontem – muitos até já fora do futebol –, com prejuízo para o credor e desmoralização do contribuinte que honra  seus compromissos para com o fisco.
As audiências públicas que a Comissão Especial promoverá é conversa tola. O esquema está armado e o perdão virá.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Mordomia das Riquezas


O dinheiro nem sempre existiu. Por muito tempo, as relações comerciais eram feitas na base da troca, do escambo de mercadorias. Na América do Sul, por exemplo, utilizavam-se sementes de cacau para realizar trocas. Acredita-se que o surgimento da moeda metálica como dinheiro se deu apenas no século 7 aC.

Por ser o ativo mais líquido que existe, o dinheiro trouxe benefícios incontáveis para o desenvolvimento da humanidade. Você pode imediatamente trocá-lo por qualquer coisa, em qualquer lugar, em qualquer momento. Ou, como diria aquele famoso filósofo carioca, Paulinho da Viola, “dinheiro na mão é vendaval”.

No período da República, o Brasil teve 9 moedas, entre idas e vindas e muitos cortes de zeros. Hoje em dia, o dinheiro é eletrônico. Ainda assim, atualmente, há quase 600 milhões de cédulas de R$100,00 em circulação. Isso significa que você deveria ter pelo menos 3 notas dessas na sua carteira.

E a Bíblia, o quê ela nos diz sobre o uso das nossas riquezas?

1 - Tudo pertence a Deus: “Assim direis a vossos senhores: Sou eu que, com o meu grande poder e o meu braço estendido, fiz a terra com os homens e os animais que estão sobre a face da terra; e a dou a quem me apraz.Jr 27.4-5. (outros textos: Sl 24.1; 1 Cr 29.11,12; )
Todos os nossos bens, riquezas, família e nosso próprio corpo pertencem a Deus. Dele vem nossa força e saúde para trabalharmos e angariarmos riquezas (Dt 8.18) e todo o direito de propriedade pertence a Ele.


2 - Somos despenseiros de Deus. “Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Édem para o lavrar e guardar.Gn 2.15. A nós, nos foi dada a responsabilidade da mordomia, ou seja, da boa administração de bens e poderes de propriedade de Deus, cuja posse nos foi dada por Ele próprio. Nada, de fato, nos pertence, mas tudo foi colocado sob nossa responsabilidade, como servos, ou mordomos. Como bons mordomos dos bens materiais que nos foram confiados, precisamos:


A - Entregar os dízimos:Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria.” 2 Co 9.7. Como bons mordomos, devemos ter prazer no sustento da obra do Senhor, em especial dos que se dedicam à pregação da Palavra. Diferentemente do que apregoam alguns líderes religiosos, invariavelmente ricos, o dízimo não se restringe ao período do Antigo Testamento, mas antes, se amplia, de forma que além de devolvê-lo, precisamos fazê-lo com alegria no coração.


B - Pagar impostos:Mestre, é lícito ou não pagar o tributo a César? Então lhes disse Jesus: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” Mt 22.15-22. Como bons mordomos e cidadãos de duas pátrias, precisamos nos submeter às autoridades instituídas por Deus (Rm 13.1-7), o que significa, entre outras coisas, pagar todos os nossos impostos devidos. Nem sempre concordamos com o uso que o governo faz do dinheiro de nossos impostos, o que certamente nos dá espaço para protestar democraticamente contra os desvios morais dos governantes. Mas ainda assim, temos nossa obrigação com eles diante do Senhor.


C - Suprir as necessidades da nossa família. “Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negado a fé, e é pior que um incrédulo.” 1 Tm 5.8. Devemos usar nossos bens para cuidar materialmente da nossa família, suprindo suas reais necessidades. Atente para o quão grave é fugir dessa obrigação: o apóstolo Paulo nos diz que não cuidar da nossa própria família nos torna pior do que os incrédulos, ou seja, aqueles que odeiam a Deus e militam contra Ele.


D - Minorar o sofrimento do próximo, principalmente dos da família da fé.Pois não havia entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos. E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade.” At 4:34-35.
Insto você a não entender essa passagem de forma equivocada! Ela nada tem a ver com comunismo. Muito menos com comunismo cristão, porque tal ideia encerra um paradoxo. Os crentes com mais posses, ao ver seus irmãos necessitados, sentiam o coração arder de amor cristão e voluntariamente entregavam parte de seus bens para ajudar os mais pobres. Isso vem de encontro com a afirmação do famoso escritor das Crônicas de Nárnia:
“A única regra segura é dar mais do que você pode dispensar. Nossa caridade deveria nos deixar apertados e em dificuldade. Se vivemos no mesmo nível de conforto que outras pessoas com o nosso mesmo nível de renda, provavelmente estamos dando muito pouco.CS Lewis.
Veja, ainda, que isso não legitima algum tipo de Bolsa-Igreja também, pois “se alguém não quer trabalhar, também não coma” (2 Ts 3:10).


E - Ter plena comunhão: “Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne.” Gn 2.24. E parafraseando as Escrituras, deixará o homem seu pai e sua mãe, se unirá a sua mulher, e serão um só bolso. Isso significa não haver espaço para o seu dinheiro, a minha conta, os seus gastos no cabeleireiro. No casamento, há apenas o nosso dinheiro, nossas despesas, nosso patrimônio.


→ Princípios Norteadores:


1o - Honestidade: Em Pv 11.1 vemos que “a balança enganosa é abominação para o Senhor; mas o peso justo é o seu prazer”. Assim, a honestidade é virtude que deve permear toda a vida do cristão na forma como ele lida com o dinheiro. Alguns exemplos práticos: não faltar no trabalho sem motivo e nem procrastinar trabalho para fazer qualquer outra coisa; não pagar a um funcionário menos que o justo pelo trabalho realizado; não se aproveitar da ignorância de outrem para fazer dinheiro, como em esquemas de pirâmide, Telexfre; tomar empréstimo sem ter condições de pagá-lo; desviar verbas de um fim para outro; mentir na declaração de imposto de renda, etc.


2o - Frugalidade: É uma típica virtude puritana, significa não desperdiçar nossos recursos, mas usá-los de forma econômica e sem esbanjamentos ou extravagâncias. Significa aprender a viver com o mínimo necessário e ainda fazer o dinheiro multiplicar, investindo-o com sabedoria, como na Parábola dos Talentos (Mt 25.14-30). Por isso, saiba quanto você ganha. E mais importante ainda: saiba quanto você gasta! Crie uma planilha onde possa colocar todos os seus gastos e fazer o acompanhamento mensal. O Google Drive conta com várias opções gratuitas de planilhas com gráficos e outras funções que podem ajudar. Descobrir quanto gasta por mês com café, por exemplo, pode ser uma experiência transformadora!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Em cinco anos, governo de MT tira R$ 661 mi de verba para estradas para gastar em obras da Copa!



O governo do Estado de Mato Grosso vem retirando desde 2009 verbas de um fundo estadual criado para custear obras de manutenção e melhoria de rodovias e para investir em projetos habitacionais e realocando este dinheiro nos cofres da Secopa-MT, secretaria que toca as obras que estão sendo construídas para o Mundial de 2014.
De 2009 a 2013, o Fethab (Fundo Estadual de Transportes e Habitação) já cedeu R$ 660,8 milhões à Secopa, de acordo com dados da Secretaria da Fazenda do Estado de Mato Grosso.
Neste ano, dos R$ 640 milhões que o fundo deverá arrecadar, R$ 131 milhões irão para a Secopa, que está construindo, entre outras empreitadas, a Arena Pantanal, estádio para 43,6 mil orçado em mais de R$ 500 milhões e que, após a Copa, quando será utilizado em quatro partidas, ficará à disposição do futebol mato-grossense. No ano passado, a final do Campeonato Mato-Grossense, entre Cuiabá e Luverdense, atraiu um público de 1.621 pessoas.
O Estado de Mato Grosso possui cerca de 27 mil quilômetros de estradas estaduais. Desses, apenas 20%, ou 5,4 mil quilômetros, são asfaltados. As verbas do Fethab são utilizadas para pavimentar as rodovias estaduais. Em 2012, somente 150 quilômetros de rodovias foram asfaltadas pelo governo estadual. 
Os recursos do Fethab são oriundos de contribuição imposta aos produtores agrícolas e deveria ser utilizado integralmente na melhoria de estradas e construção de habitações. Isso porque, quando foi constituído, a missão do fundo era melhorar as estradas do Estado para que seus produtos agrícolas - a maior riqueza de Mato Grosso - pudessem ser transportados com maior eficiência, reduzindo seu preço.
Em setembro do ano passado, o grupo intersetorial Movimento Pró-Logística apresentou aos produtores rurais e entidades ligadas ao setor um projeto chamado "Corredores Estaduais do Agronegócio". A análise apontou 120 trechos de rodovias estaduais que seriam fundamentais para o escoamento da produção de Mato Grosso. O projeto considerou as cadeias de produção da soja, milho, pecuária bovina, madeira e insumos agrícolas. Só nestes trechos são mais de dez mil quilômetros que precisariam de investimentos em pavimentação e recuperação. Aparentemente, porém, esta não é a prioridade da Secopa.
De ilegal a legal
Em dezembro do ano passado, faltando duas semanas para o fim do ano legislativo, o governo estadual encaminhou à Assembleia Legislativa um projeto de lei que tramitou em caráter de urgência urgentíssima. Foi um projeto para alterar a Lei Complementar 360/2009, tornando legal, retroativamente, todos os desvios de verbas do Fethab para os cofres da Secopa, que vinham sendo à contrariedade das normais estaduais.
O projeto ainda previa que, a partir de então, o Executivo poderia sempre tirar até 30% dos recursos do Fethab e de outros fundos para gastar onde bem entendesse. Foi aprovado, e o que era ilegal, tornou-se legal. Poucas foram as vozes na Assembleia que se levantaram contra a manobra do Executivo.
A deputada Luciane Bezerra (PSB) foi uma delas. "O governo não pode usar esta Casa para legitimar atos que cometeram na ilegalidade. É isso que nós, parlamentares, estamos aprovando hoje!", disse, à época da tramitação do projeto de lei, a parlamentar. Foi voto vencido.
A Secopa informa que não gastou até agora todo o dinheiro da Fethab que caiu em seus cofres, e que é possível que devolva parte desses recursos. De acordo com o secretário da pasta, Maurício Guimarães, até agora, foram gastos R$ 156 milhões da Fethab, a maior parte na Arena Pantanal.
Texto de Vinícius Segalla, da Folha/Uol.


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Retrospectiva 2012

Todo mundo gosta de lista. Fazemos listas pra tudo! No fim do ano então, é uma loucura. Todo mundo quer fazer uma lista dos melhores aquilo e piores aquilo outro. Sem contar a Retrospectiva da Globo; mas essa ninguém aguenta mais!

Então resolvi fazer minha própria lista dos melhores e piores de 2012, com base em um único critério bem objetivo: minhas preferências pessoais! Vamos lá:


MELHOR FILME: Batman, o Cavaleiro das Trevas Ressurge (quase empatando com Hobbit, Vingadores e 007 Skyfall, e considerando que ainda não assisti Django Livre, do Tarantino)

PIOR FILME: Crepúsculo (esse último que saiu e eu não sei o nome)

MELHOR LIVRO: Guia Politicamente Incorreto de Filosofia, do Luiz Felipe Pondé

PIOR LIVRO: 50 Tons de Cinza (e nem precisei ler pra saber que não presta!)

MELHOR PROGRAMA DE TV: Homeland, 2a temporada (sim, é bom desse jeito!)

PIOR PROGRAMA DE TV: Praticamente todo o resto

MELHOR CANÇÃO: Somebody that I Used to Know, do belga-australiano Gotye

PIOR CANÇÃO: Call me Maybe, da canadense Carly Rae Jepsen

CELEBRIDADE DO ANO: Clint Eastwood

CELEBRIDADE MAIS ESTÚPIDA/IMBECIL: empate técnico entre Mano Brown, vocalista da 'banda' Racionais MC's e José de Abreu, ator e assecla do chefe de quadrilha José Dirceu

MELHOR JORNALISTA: Reinaldo Azevedo

PIOR JORNALISTA: Paulo Henrique Amorim

MELHOR EMPRESA: Google

PIOR EMPRESA: Quase empate, mas a Petrobras acabou ganhando (telefônicas e bancos ficaram logo atrás)

MELHOR RETORNO: Chocolates Lollo e Kit Kat (empate, claro)

MAIOR PERDA: Millôr Fernandes e Chico Anísio (e novamente, empate!)

MELHOR PRATO: além da comida que minha esposa faz, o Ravioloni de queijo brie com velouté de limão siciliano e macadâmias, do restaurante Skye, em São Paulo

PIOR PRATO: um delicioso Doce de abacaxi que eu mesmo fiz!

MAIOR MOMENTO DO ESPORTE: sendo absolutamente PARCIAL, a vitória do São Paulo FC sobre o argentino Tigre, em apenas 45 minutos!

PIOR MOMENTO DO ESPORTE: comportamento do corredor paraolímpico sul-africano, Oscar Pistorius, ao perder para o brasileiro Alan Fonteles nas Olimpíadas de Londres.

MAIOR BRASILEIRO: Joaquim Barbosa, ministro presidente do STF (discordo dele em muitas coisas, a começar do temperamento, mas o cara teve atuação brilhante no processo do mensalão)

MENOR BRASILEIRO: A lista aqui é grande, mas já que preciso escolher, lá vai: Ricardo Lewandowski, também ministro do STF e absolvedor geral da república.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

E.T. O EXTRATERRESTRE


E.T. O Extraterrestre


1982. Seres meigos. Dedos luminosos. Naves fumacentas. Bicicletas ao luar. "Telefone". "Minha casa". Alguns elementos jogados são suficientes – cenas inteiras voltam à memória, arrepia a lembrança daqueles momentos de emoção. No mundo do cinema, assim se reconhece um clássico, quando algumas expressões bastam para tornar o filme imortal. Faz trinta anos que Steven Spielberg remodelou a fantasia no cinema. Os adultos de hoje aprenderam, há três décadas, a serem mais solidários, mais companheiros. Faz exatos trinta anos que o tocante E.T. - O Extraterrestre (E.T. the Extra-Terrestrial) foi exibido pela primeira vez. (Introdução de Marcelo Hessel, do excelente omelete.com.br)

Se em 1977, após o sucesso estrondoso de "Tubarão" e da magia ficcional de "Contatos Imediatos do Terceiro Grau", Steven Spielberg já era um dos diretores mais respeitados em Hollywood, a década de 80 veio só para colocá-lo entre os maiores de todos os tempos, afinal. Ora, "E.T - O Extraterrestre", de 1982, é um clássico indispensável e uma revolução muito pessoal de Spielberg. Se, até então, alguém duvidava do talento do cineasta, "E.T." está aí (há 28 anos) para derrubar tais crenças.

Simplificando a sinopse, Elliott (Henry Thomas) é um garoto que vive com a mãe (Dee Wallace), o irmão mais velho (Robert MacNaughton) e a irmã pequena (Drew Barrymore). Uma noite, o menino ouve barulhos estranhos e imagina que há algo diferente acontecendo na garagem de sua casa. Embora amedrontado, Elliott decide ir investigar o que está causando os barulhos e tem uma enorme surpresa: encontra um extraterrestre. Depois do susto do encontro, o garoto e o alienígena começam a fazer contato e acabam se tornando amigos. Agora, Elliott e seus irmãos terão como desafio fazer com que E.T., como foi apelidado o novo hóspede, volte para seu planeta natal. Mas as coisas vão ficar mais complicadas quando agentes federais, que estão atrás do extraterrestre, cruzarem o caminho dos garotos.

Mas o filme se torna singular por três motivos: Primeiro, porque acontece em um bairro comum com pessoas comuns; segundo, porque o E.T. da história não é apavorante – ao contrário, é fofo e adorável; terceiro porque é um filme feito para toda a família. Junte esses elementos a um roteiro e direção geniais e você tem um filme de ficção científica amado e inesquecível. É empolgante o desenrolar da história em um fundo tão simples e verossímil dentro dos olhos infantis e ingênuos do protagonista.



Com algumas cenas desconcertantes, como o primeiro vôo de Elliot e E.T. com a bicicleta e uma trilha sonora arrepiante e criativa, Spielberg consegue criar uma obra única ao mostrar a história pelos olhos de uma criança com uma ingenuidade e carisma natural, ao mesmo tempo em que se distancia daquela despojada e descrente visão adulta. Um dos maiores trunfos de Spielberg foi a escolha do elenco infantil. É nele que toda a história se sustenta. Claro, o roteiro de Melissa Mathison é muito bom, mas as pessoinhas interpretadas por Henry Thomas (ótimo), Peter Coyote, Robert MacNaughton e Drew Barrymore roubam a cena.



Quando for assistir ao filme novamente, aproveite para notar a beleza do céu de estrelas no início; a nave que parece ter surgido da sua imaginação, seguida pelos aliens explorando calmamente a Terra. Observe, também, as sombras dos homens com lanternas, o grupo de homens caçando o E.T. como se marchassem. E o clima do filme, que mostra noites nubladas e com algum ponto de luz para contrapor a escuridão e instigar a imaginação.

Os trechos clássicos e inesquecíveis vão se acumulando ao longo da projeção. Spielberg tem momentos de pura genialidade como na cena icônica dos garotos voando de bicicleta com a lua ao fundo, todos levados ao ar graças aos poderes de E.T., obviamente. O longa mistura muita emoção, diversão, ação, contos de fadas e tudo isso é conectado pelo estilo de direção de Steven. Aqui, o diretor mostra finalmente toda as suas principais características como profissional do cinema.



"O filme tem uma importância incontestável para a história do cinema. Foi o blockbuster da época e também conquistou a crítica de um cinema mais autoral, como a de Cannes. O diretor conseguiu transformar uma criatura estranha em adorável, vista pelo ângulo puro e moral das crianças", explica o editor da "Revista Cinética", Fábio Andrade. “E.T” estreou nos Estados Unidos em 11 de junho de 1982, poucos dias após ser apresentado no Festival de Cannes,  entre os aplausos da crítica e do público. A produção foi um sucesso de bilheteria e recebeu nove indicações ao Oscar - entre elas as de melhor filme, direção (Steven Spielberg) e roteiro – levando quatro prêmios: melhores efeitos especiais, melhores efeitos sonoros, melhor som e trilha sonora original, com a inesquecível composição do fenomenal John Williams.

(cena clássica - link) - http://www.youtube.com/watch?v=7OuUA8XHIdQ 

No entanto, o filme tem espaço em nossa memória não pelos prêmios merecidamente conquistados, mas pelo fato de, trinta anos após sua estréia, o filme ainda ter a pureza e emoção para fazer com que uma criança de cinco ou seis anos se emocione com a história. A cena antológica do vôo das bicicletas representam o abandono da comodidade e medos típicos de um homem adulto, representando a coragem de seguir em frente e encarar nossos medos e decisões, quando, corajosamente, prosseguimos em um salto de fé rumo a maturidade.




sexta-feira, 19 de outubro de 2012

MOSTRA DE CINEMA DE SÃO PAULO


36ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.



De 19 de outubro a 2 de novembro, acontece em São Paulo a tradicional Mostra Internacional de Cinema. Durante duas semanas serão exibidos cerca de 350 títulos de mais de 60 países e diversas cinematografias em 28 espaços entre salas de cinema, museus e instituições culturais espalhados pela capital paulista. A seleção deste ano faz um apanhado do que o cinema contemporâneo mundial está produzindo, além das principais tendências, temáticas, narrativas e estéticas produzidas em todo o mundo, além de versões restauradas de clássicos como Tubarão, Nosferatu, Era Uma vez no Oeste e Lawrence da Arábia.

A 36ª Mostra Internacional de Cinema é composta por cinco seções: Competição Novos Diretores – que exibe títulos de diretores que tenham realizado até dois longas (os mais votados pelo público serão vistos pelo Júri Internacional, que escolhe posteriormente os que vão receber o Troféu Bandeira Paulista); Perspectiva Internacional – que apresenta um panorama do recente cinema mundial; Retrospectivas – seção com obras completas ou não de diretores importantes ou mesmo desconhecidos; Apresentações Especiais – exibição de clássicos ou de filmes de diretores que estão sendo homenageados pela Mostra; Mostra Brasil – exibição de títulos brasileiros inéditos em São Paulo. Todos os filmes brasileiros concorrem ao prêmio Itamaraty, mas os totalmente inéditos no país - primeiro ou segundo filme de jovens diretores - estão também na seção Competição Novos Diretores.

Consulte a programação no site da Mostra e confira a lista dos filmes:

COMPETIÇÃO NOVOS DIRETORES

111 Garotas (111 Dokhtar), de Nahid Ghobadi
A Casa, de Júlio Alves
A Culpa Do Cordeiro (La Culpa del Cordero), de Gabriel Drak
A História de Tomi Ungerer (Far out isn't far enough: the Tomi Ungerer story), de Brad Bernstein
Água (Water), de Nir Sa'ar, Maya Sarfaty, Mohammad Fuad, Yona Rozenkier, Mohammad Bakri, Ahmad Bargouthi, Pini Tavger, Tal Haring
Aqui e Ali (Aquí y Allá), de Antonio Mendez Esparza
Arcadia, de Olivia Silver
Avanti, de Emmanuelle Antille
Babeldom, de Paul Bush
Crônicas da Infância (Chroniques d´une cour de récré), de Brahim Fritah
Debaixo da Sombra da Cruz (All'Ombra Della Croce), de Alessandro Pugno
Dente por Dente (Diente por Diente), de Miguel Bonilla Schnaas
El Resquicio, de Alfonso Acosta
Encontrando Leila (Ashnaee ba Leila), de Adel Yaraghi
Estrada de Palha, de Rodrigo Areias
Hemel, de Sacha Polak
Herança (Inheritance), de Hiam Abbass
L, de Babis Makridis
La Sirga, de William Vega
Los Días, de Ezequiel Yanco
Mad Ship, de David Mortin
Memories Look At Me (Ji Yi Wang Zhe Wo), de Song Fang
Meu caro amigo Chico, de Joana Barra Vaz
Minha Vida em Nairóbi (Nairobi Half Life), de Tosh Gitonga
Miradas Múltiplas - O Universo de Gabriel Figueroa (Miradas Múltiples (La Máquina Loca)), de Emilio Maillé
Mosquita e Mari (Mosquita y Mari), de Aurora Guerrero
O Comediante (The Comedian), de Tom Shkolnik
O Filho Querido (Jin Sun), de Chou She Wei
O Frágil Som do Meu Motor, de Leonardo António
O Quase Homem (Mer Eller Mindre Mann), de Martin Lund
O Último Passo (Peleh Akhar), de Ali Mosaffa
Os Descrentes (Les Mécréants), de Mohcine Besri
Os Selvagens (Los Salvajes), de Alejandro Fadel
Ouro Colombiano: 400 Anos de Música da Alma (Oro Colombiano: 400 años de musica del alma), de Sanjay Agarwal, Ivan Higa
Padak, de Lee Dae Hee
Parviz, de Majid Barzegar|
Paul Bowles: A Porta da Jaula Está Sempre Aberta (Paul Bowles: The Cage Door Is Always Open), de Daniel Young
Pedaços de Mim (Des Morceaux de Moi), de Nolwenn Lemesle
Preenchendo o Vazio (Lemale Et Ha'halal), de Rama Burshtein
Quando Vi Você (When I Saw You), de Annemarie Jacir
Rua da Redenção (Ustanicka Ulica), de Miroslav Terzic
Salsipuedes, de Mariano Luque
Satellite Boy, de Catriona McKenzie
Sem Outono, Sem Primavera (Sin Otoño, Sin Primavera, Equador, Colômbia, França), de Iván Mora Manzano
Sequestro (Kapringen), de Tobias Lindholm
Shameless (Bez Wstydu), de Filip Marczewski
Sobre o Céu Rosa (Momoiro Sora Wo), de Keiichi Kobayashi
Voz da Primavera (Sedaye Cheshme), de Houshang Falah Rezaei
We Came Home de Ariana Delawari
You and Me Forever, de Kaspar Munk

MOSTRA BRASIL – COMPETIÇÃO NOVOS DIRETORES

A Arte de Interpretar - A Saga da Novela Roque Santeiro, de Lucia Abreu
A Porta Larga, de Aleandro Tubaldi
Antes Do Fim Do Mundo, de Sabrina Marostica e Herbert Gondo
Cores, de Francisco Garcia
Embu - Terra das Artes, de Maria De Fátima Seehagen
Francisco Brennand, de Mariana Brennand Fortes
Jardim Atlântico, de Jura Capela
Lacuna, de André Lavaquial
Muito Além do Peso, de Estela Renner
Nove Crônicas Para Um Coração aos Berros, de Gustavo Galvão
Pra Lá do Mundo, de Roberto Studart
Sinfonia De Um Homem Só, de Cristiano Burlan
Metro, de Guilherme B. Hoffmann

MOSTRA BRASIL – PESPECTIVA

A Busca, de Luciano Moura
A Floresta de Jonathas, de Sergio Andrade
A Memória que me Contam, de Lúcia Murat
Balança mas não Cai, de Leonardo Barcelos
Boa Sorte, Meu Amor, de Daniel Aragão
Chamada a Cobrar, de Anna Muylaert
Cine Holliúdy, de Halder Gomes
CutBack, de Alex Miranda
Dores de Amores, de Raphael Vieira
Elena, de Petra Costa
Entretempos, de Henri Arraes Gervaiseau
Era uma Vez Eu, Verônica, de Marcelo Gomes
Estado de Exceção, de Juan Posada
Hélio Oiticica, de Cesar Oiticica Filho
Jards, de Eryk Rocha
Kátia, de Karla Holanda
Laura, de Fellipe Gamarano Barbosa
Meu Amigo Claudia, de Dácio Pinheiro
Noites de Reis, de Vinicius Reis
O Dia que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares
O que se Move, de Caetano Gotardo
O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho
Satyrianas, 78 Horas em 78 Minutos, de Daniel Gaggini, Fausto Noro, Otávio Pacheco
Sementes do Nosso Quintal, de Fernanda Heinz Figueiredo
Um Filme para Dirceu, de Ana Johann
Uma História de Amor e Fúria, de Luiz Bolognesi
Colegas, de Marcelo Galvão
Pernamcubanos - O Caribe que nos Une, de Nilton Pereira
A Coleção Invisível, de Bernard Attal
Margaret Mee e a Flor da Lua, de Malu De Martino
Repare Bem, de Maria de Medeiros
A Última Estação, de Marcio Curi
Super Nada, de Rubens Rewald

PERSPECTIVA INTERNACIONAL

10+10, de Hou Hsiao-hsien e outros
25/11 O Dia em que Mishima Escolheu o Seu Destino (11.25 Jiketsu No Hi: Mishima Yukio To Wakamono-Tachi), de Koji Wakamatsu
38 Testemunhas (38 Témoins), de Lucas Belvaux
A Aposentada (La Jubilada), de Jairo Boisier
A Árvore dos Morangos (El Árbol De Las Fresas), de Simone Rapisarda Casanova
A Bela Que Dorme (Bella Addormentata), de Marco Bellocchio
A Caça (Jagten), de Thomas Vinterberg
A Feiticeira da Guerra (Rebelle), de Kim Nguyen
A Glória das Prostitutas (Whore's Glory), de Michael Glawogger
A Horda (Orda), de Andrei Proshkin
A Parede (Die Wand), de Julian Roman Pölsler
A Parte dos Anjos (The Angel's Share), de Ken Loach
A Riqueza do Lobo (La Richesse Du Loup), de Damien Odoul
A Royal Affair (En Kongelig Affære), de Nikolaj Arcel
À Sombra da República (A L'ombre de La République), de Stéphane Mercurio
A Voz do Meu Pai (Babamin Sesi), de Orhan Eskikoy
Abendland, de Nikolaus Geyrhalter
África Negra Mármore Branco (Africa Nera Marmo Bianco), de Clemente Bicocchi
Além Das Montanhas (Dupa Dealuri), de Cristian Mungiu
Alois Nebel, de Tomas Lunak
Alpes (Alpeis), de Yorgos Lanthimos
Amanhã (Zavtra), de Andrey Gryazev
Amanhã? (Demain?), de Christine Laurent
Ano de Graça (Año De Gracia), de Ventura Pons
Antiviral, de Brandon Cronenberg
Aos 80 (Anfang 80), de Sabine Hiebler e Gerhard Ertl
Barbie, de Lee Sang-Woo
Bergman & Magnani: A Guerra dos Vulcões (Bergman & Magnani: La Guerra Dei Vulcani), de Francesco Patierno
Bully, de Lee Hirsch
City State (Borgrík), de Olaf De Fleur Johannesson
Crianças de Saravejo (Djeca, Bósnia Herzegovina), de Aida Begic
De Pai para Filho (Entre Les Bras), de Paul Lacoste
Depois da Batalha (Baad El Mawkeaa / Apres La Bataille), de Yousry Nasrallah
Desculpe Incomodar (Undskyld Jeg Forstyrrer), de Henrik Ruben Genz
Dinotasia, de David Krentz e Erik Nelson
Dom - Uma Família Russa (Dom - A Russian Family), de Oleg Pogodin
Duane Michals – The Man Who Invented Himself, de Camille Guichard
El Gusto, de Safinez Bousbia
Em Família, de Patrick Wang
Em Segunda Mão, de Catarina Ruivo
Entre o Amor e a Paixão (Take this Waltz), de Sarah Polley
Espaços Inacabados: A História da Escola de Artes de Cuba (Unfinished Spaces), de Alysa Nahmias, Benjamin Murray
Estudante (Student), de Darezhan Omirbayev
Eu, Anna (I, Anna), de Barnaby Southcombe
Felicidade... Terra Prometida (Le Bonheur...Terre Promise), de Laurent Hasse
Fogo, de Yulene Olaizola
Frisson des Collines, de Richard Roy
Gente Fina (Kurteist Fólk), de Olaf De Fleur Johannesson
Hasta Nunca, de Mark Street
Imperdoável (Impardonnables), de André Téchiné
Indignados, de Tony Gatlif
Ingrid Caven, Música e Voz (Ingrid Caven, Musique et Voix), de Bertrand Bonello
Istambul (Isztambul), de Török Ferenc
Keyhole, de Guy Maddin
La Demora, de Rodrigo Plá
Lado a Lado (Side by Side), de Chris Kenneally
Ladrão (Booster), de Matt Rusking
Laurence Anyways, de Xavier Dolan
Liv & Ingmar - Uma História De Amor (Liv & Ingmar), de Dheeraj Akolkar
Longe do Afeganistão (Far From Afghanistan), de John Gianvito, J. Jost, M. Martin, Soon-Mi Yoo, T. Wilkerson
Malaventura, de Michel Lipkes
Mantenha-me em Pé (Tiens Moi Droite), de Zoé Chantré
Melhor Não Falar de Certas Coisas (Mejor No Hablar de Ciertas Cosas), de Javier Andrade
Melodia dos Bálcãs (Balkan Melodie), de Stefan Schwietert
Michael, de Ribhu Dasgupta
Mother, de Tae Jun Seek
Música da Primavera (Habllada La´Aviv Haboche), de Benni Torati
My German Friend, de Jeanine Meerapfel
Mystery, de Lou Ye
Na Sua Ausência (J'enrage de son Absence), de Sandrine Bonnaire
Não Estou Morto (Je Ne Suis Pas Mort), de Mehdi Ben Attia
No, de Pablo Larraín
No Lixo (Décharge), de Benoît Pilon
Noite Nº1 (Nuit #1), de Anne Émond
Num Lugar Conhecido (En Terrains Connus), de Stéphane Lafleur
Nunca Houve um Irmão Melhor (I Ne Bilo Luchshe Brata), de Murad Ibragimbekov
O Comboio (Convoy), de Alexey Mizgirev
O Cordeiro (Behold The Lamb), de John Mc Ilduf
O Dançarino (Ballroom Dancer), de Christian Bonke e Andreas Koefoed
O Fim Do Amor (The End of Love), de Mark Webber
O Gebo e a Sombra, de Manoel de Oliveira
O Lago Balaton (Német Egység@Balatonnál), de Péter Forgács
O Paraíso dos Animais (Le Paradis Des Bêtes), de Estelle Larrivaz
O Rei do Curling (Kong Curling), de Ole Endresen
O Resto Do Mundo (Le Reste Du Monde), de Damien Odoul
O Ritual da Comida (Himself He Cooks), de Valerie Berteau e Philippe Witjes
O Sorriso do Chefe (Il Sorriso Del Capo), de Marco Bechis
O Zelador (Viceværten), de Katrine Wiedemann
Off The Beaten Track, de Dieter Auner
Operation Libertad, de Nicolas Wadimoff
Os Italianos Na Ópera (Italiani All´Opera), de Franco Brogi Taviani
Outrage: Beyond (Autoreiji: Biyondo), de Takeshi Kitano
Pântanos (Marécage), de Guy Édoin
Para Ellen (For Ellen), de Kim So-yong
Para Sempre (Tot Altijd), de Nic Balthazar
Paraíso (Paradeisos), de Panagiotis Fafoutis
Pastorela: Uma Peça de Natal (Pastorela), de Emilio Portes
Pequenas Mentiras (Orchim Lerega), de Maya Kenig
Perder a Razão (A Perdre La Raison), de Joachim Lafosse
Pó (Polvo), de Julio Hernández Cordón
Por Enquanto (Meanwhile), de Hal Hartley
Postcards From The Zoo (Kebun Binatang), de Edwin
Purgatório (Araf), de Yesim Ustaoglu
Quatro Sóis (Ctyri Slunce), de Bohdan Sláma
Reality, de Matteo Garrone
Renoir, de Gilles Bourdos
Rio (River), de Ryuichi Hiroki
Rio de Ouro (Rio de Oro), de Pablo Aldrete
Ristabbanna, de Gianni Cardillo e Daniele de Plano
Saudações de Tim Buckley (Greetings From Tim Buckley), de Daniel Algrant
Silêncio na Neve (Silencio en la Nieve), de Gerardo Herrero
Soldier/Citizen, de Silvina Landsmann
Sombra do Mar (Sea Shadow), de Nawaf Al-Janahi
Sonho e Silêncio (Sueño Y Silencio), de Jaime Rosales
Tão Perto Tão Longe (Si Près Si Loin), de Michel Favre
Tenho 11 Anos (I Am Eleven), de Genevieve Bailey
The Creators, de Laura Gamse, Jacques de Villiers
The Kampala Story, de Donald Mugisha e Kasper Bisgaard
The Lost World Cup, de Lorenzo Garzella e Filippo Macelloni
Tiro na Cabeça (Headshot), de Pen-Ek Ratanaruang
Última Sexta-Feira (Al Jumaa Al Akhira), de Yahya Alabdalla
Um Alguém Apaixonado (Like Someone In Love), de Abbas Kiarostami
Um Ato de Caridade (Paziraie Sadeh), de Mani Haghighi
Um Lindo Vale (Emek Tiferet), de Hadar Friedlich
Uma Bala Para o Che (Una Bala Para El Che), de Gabriela Guillermo
Vidas Curdas (Mesh), de Shiar Abdi
Walk Away Renée, de Jonathan Caouette
Winter of Discontent (El Sheta Elli Fat), de Ibrahim El Batoot

APRESENTAÇÕES ESPECIAIS

Nosferatu, de Friedrich Wilhelm Murnau
Alma Corsária, de Carlos Reichenbach
Canção para o Meu Pai (Lullaby To My Father), de Amos Gitai
Carmel, de Amos Gitai
Coronel Blimp - Vida e Morte (Life And Death Of Colonel Blimp), de Michael Powell e Emeric Pressburger
Era Uma Vez no Oeste (C'era una volta il West), de Sergio Leone
Focus Forward, de vários
Frankenweenie, de Tim Burton
Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia), de David Lean
Muriel (Muriel Ou Le Temps D'un Retour), de Alain Resnais
O Guia Pervertido Da Ideologia (The Pervert's Guide To Ideology), de Sophie Fiennes
O Guia Pervertido Do Cinema (The Pervert's Guide To Cinema), de Sophie Fiennes
O Incubador do Sol (Hadinat Al Shams), de Ammar Al-Beik
O Manuscrito Perdido, de José Barahona
Os Deuses e os Mortos, de Ruy Guerra
Quando elefantes lutam, é a grama que sofre (The Suffering Grasses: When Elephants Fight, It Is The Grass That Suffers), de Iara Lee
Raros Sonhos Flutuantes (Tobu Yume Wo Shibaraku Minai), de Eizo Sugawa
Sonata Silenciosa (Silent Sonata/ Circus Fantasticus), de Janez Burger
Tubarão (Jaws), de Steven Spielberg

APRESENTAÇÃO ESPECIAL RAÚL RUIZ

La Noche de Enfrente, de Raúl Ruiz
Linhas de Wellington (Lines Of Wellington), de Valeria Sarmiento
Ballet Aquatique (Ballet Aquatique), de Raúl Ruiz

APRESENTAÇÃO ESPECIAL MIGUEL GOMES

A Cara que Mereces
Aquele Querido Mês de Agosto
Cântico das Criaturas
Entretanto
Inventário de Natal
Kalkitos
Trinta e Um
Tabu

APRESENTAÇÃO ESPECIAL CHRIS MARKER

La Jetée, de Chris Marker
Nível Cinco, de Chris Marker

RETROSPECTIVA ANDREI TARKOVSKI

A Infância de Ivan (Ivanovo Detstvo)
Andrei Rublev (Andrey Rublyov)
Hoje Não Haverá Saída (There Will Be No Leave Today)
Nostalgia
O Espelho (The Mirror)
O Rolo Compressor e O Violinista (Katok I Skripka)
O Sacrifício (Offret)
Os Assassinos (Ubiytsy)
Solaris
Stalker
Tempo De Viagem (Tempo De Viaggio)
Andrei Tarkóvski: O Colecionador de Sonhos (Andrei Tarkovsky: Sobiratel Snov), de Evgeny Borzov
Dirigido por Andrei Tarkóvski (Regi Andrej Tarkovskij), de Michal Leszczylowski
Elegia Moscovita (Moskovskaya Elegiya), de Aleksandr Sokurov
Magnetismo da Memória (Pritjazhenie Pamjati), de Evgeny Borzov
Os Dias Brancos - Anotações Sobre A Filmagem de Nostalgia, de Andrei Tarkóvski (Los Días Blancos - Apuntes Sobre El Rodaje De Nostalghia, De Andrei Tarkovski), de José Manuel Mouriño
Um Dia na Vida de Andrei Arsenievitch (Une Journée D´Andrei Arsenevitch), de Chris Marker

RETROSPECTIVA SERGEI LOZNITSA

A Colônia (Poselenije)
A Estação de Trem (Polustanok)
Artel
Bloqueio (Blokada)
Fábrica (Fabrika)
Hoje Vamos Construir Uma Casa (Segodnya My Postroim Dom)
Minha Felicidade (Schastye Moye)
O Milagre De Santo Antônio
Retrato (Portrait)
Vida, Outono (Zhizn, Osin)
Paisagem (Peyzazh)
Na Neblina (V Tumane)
Cinejornal (Predstavlenye)

RETROSPECTIVA MINORU SHIBUYA

O Dia de Folga do Médico (Honjitsu Kyushin)
O Paraíso dos Bêbados (Yopparai Tengoku)
O Rabanete e a Cenoura (Daikon To Ninjin)
Os Passarinhos (Mozu)
Pessoas Modernas (Gendai-Jin)
Retidão (Seigiha)
Um Bom Homem, Um Bom Dia (Kojin Kojitsu)

FOCO ALEMANHA - NOVOS DIRETORES

Além do Horizonte (Am Himmel Der Tag), de Pola Schirin Beck
As Histórias do Sr. Spalek (Die Koffer des Herrn Spalek), de Gregor Eppinger
Formentera, de Ann-Kristin Reyels,
Meus 13 Anos (Little Thirteen), de Christian Klandt
O Peso da Culpa (Schuld Sind Immer Die Anderen), de Lars- Gunnar Lotz
Oh Boy (Oh Boy), de Jan Ole Gerster
Os Visitantes (Die Besucher), de Constanze Knoche
Speed- Em Busca do Tempo Perdido (Speed - Auf der Suche nach der verlorenen Zeit), de Florian Opitz
Tempo de Crise (Crashkurs), de Anika Wangard
Transpapa, de Sarah Judith Mettke

FOCO ALEMANHA - PERSPECTIVA INTERNACIONAL

A Terra que Respira (Breathing Earth), de Thomas Riedelsheimer
A Última Ambulância de Sófia (Sofia's Letzte Ambulance), de Ilian Metev
Barbara, de Christian Petzold
Brutal (Die Raeuberin, de Markus Busch
Caminho Para o Passado (Bittere Kirschen), de Didi Danquart
Camp 14 - Total Control Zone, de Marc Wiese
Felicidade (Glück), de Doris Dörrie
Fim de Semana em Casa (Was Bleibt), de Hans-Christian Schmid
Fortaleza (Festung), de Kirsi Marie Liimatainen
Hannah Arendt, de Margarethe Von Trotta
Implosão (Implosion), de Sören Voigt
Inferno (Hell), de Tim Fehlbaum
Kill Me (Töte Mich), de Emily Atef
Lua Crescente (Dreiviertelmond), de Christian Zübert
Mar Calmo (La Mer A L'Aube), de Volker Schlöndorff
O Perdão (Gnade), de Matthias Glasner
Para Elise (Für Elise), de Wolfgang Dinslage
Prometendo A Lua (Das Blaue Vom Himmel), de Hans Steinbichler
Quatro Dias Em Maio (4 Tage Im Mai), de Achim Von Borries:
Uma Janela Para o Verão (Fenster Zum Sommer), de Hendrik Handloegten
Voando Alto (Bis Zum Horizont, Dann Links!), de Bernd Böhlich
Invasion, de Dito Tsindzadse



segunda-feira, 24 de setembro de 2012

CONTA COMIGO - STAND BY ME (1986)



"Nunca mais tive amigos iguais aos que tinha aos doze anos. Jesus, será que alguém tem?"





Ha vinte e seis anos era lançado nos cinemas, sob a direção de um então novato Rob Reiner ( também diretor de Harry e Sally, Fantasmas do Mississippi e Antes de Partir) o filme Stand By Me, com roteiro adaptado do conto "O Corpo", retirado do livro "As Quatro Estações" do escritor Stephen King, cuja história é também a sua obra mais pessoal: tudo remete claramente a uma fase de sua vida; seu irmão morto em um acidente de carro, o fato de o personagem principal ser um escritor famoso quando velho e diversas outras metalinguagens pessoais.




O filme conta a estória de Gordie Lachance (Richard Dreyfuss – Will Wheaton), um escritor, que recorda quando tinha entre doze e treze anos no verão de 1959, quando vivia em Castle Rock, Oregon, uma localidade com 1281 habitantes que para ele era o mundo inteiro. Gordie tinha três amigos inseparáveis: Chris Chambers (River Phoenix), Teddy Duchamp (Corey Feldman) e Vern Tessio (Jerry O'Connell). Chris era o líder natural deste pequeno grupo, mas a família dele não era boa e todo mundo sabia que ele ia se dar mal na vida, inclusive ele. Teddy era emocionalmente perturbado, pois o pai tinha acessos de loucura, inclusive chegou a colocar a orelha de Ted no forno. Vern era o mais infantil do grupo, quem os outros adoravam tirar sarro. Tentando achar um vidro cheio de moedas que tinha enterrado, Vern ouviu por acaso seu irmão e um amigo falando onde estava o corpo de um garoto – Ray Brower - que tinha ido colher amoras há três dias e nunca mais tinha sido visto. Os garotos queriam achar o corpo, pois vislumbravam a possibilidade de se tornarem heróis. Cada um deu uma desculpa em casa e partiram para tentar encontrar o corpo. Nenhum deles tinha idéia que esta viagem se transformaria em uma jornada de autodescoberta que os marcaria para sempre.



O filme é uma grande jornada de aprendizado, mas a ênfase fica na aventura - a aventura da amizade sobretudo- e em tudo o que para esses jovens é descoberta do mundo. Com um roteiro simples, dialogos articulados e cenas muito bem trabalhadas e produzidas o filme consegue transmitir todas as principais lições de vida do livro de Stephen King. Uma das provas disso é que o filme se passa em 1959, mas sua mensagem pode ser captada por qualquer um que tenha tido uma boa infância e sabe da saudade que bate de cada coisa que fizemos nessa fase tão especial de nossas vidas. 

Rob Reiner consegue ir além de colocar o telespectador como mero observador: Involutaria e naturalmente, ao longo dos acontecimentos, questionamos diversos pontos de nossas vidas através do olhar ingênuo e sincero dos personagens, e, de maneira autentica e poética,  submergimos numa fantasia aparentemente comum, mas que marcou como uma enorme aventura cheia de ação e suspense num mundo que fazia total sentido para nós. E mesmo sendo um drama com uma melancolia dedilhada, o filme se mantém em uma linha tênue de sensibilidade, onde os personagens caminham cuidadosamente dentro do perfil traçado originalmente pelo escritor e ao mesmo tempo, conseguem desenvolver-se com muita liberdade na caracterização do personagem de maneira visual.

O filme consegue ser tocante no ponto certo desde a sua cena inicial, quando Gordie, agora adulto, lê em seu carro a notícia sobre a morte do “famoso advogado” Chris Chambers, seu grande amigo de infância, e se emociona ao ver dois garotos andando de bicicleta, fazendo com que todas às suas lembranças da juventude voltem à sua cabeça em um fluxo de consciência. Isso não acontece conosco? Ás vezes nossas vidas andam tão cheias, que esquecemos o quanto é bom relembrarmos os bons momentos de nossas vidas.




Dentro desse ponto, somos atirados à memória de Gordie em sua conturbada infância. Mesmo com a falta de perspectivas quase que geral em relação à Gordie e seus amigos, juntos, eles eram felizes como adulto nenhum é. O filme mostra com eficiência o quanto é pura a amizade entre os jovens, marcada por inocência e sinceridade, que todos sabem que um dia irão se extinguir. Da mesma forma que as amizades de infância ficam marcadas, mas são muito difíceis de serem cultivadas até a idade adulta. Gordie, Chris, Teddy e Vern, mesmo com personalidades completamente diferentes, eles eram almas que se completavam. As interpretações, distintas e complexas, se mostram incrivelmente coesas dentro da história, cativando o observador. È impossível não se identificar com pelo menos um dos quatro garotos do filme, que por sinal, são interpretados com maestria pelos jovens astros. A química demonstrada entre eles é tão verdadeira, que parece que eles realmente são amigos de longa data.




A aventura de ir em busca de um corpo não encontrado pela polícia e a possibilidade de encontrá-lo e se tornarem heróis, é a representação dos sonhos de qualquer jovem de querer aparecer, de poder tudo. Algo semelhante a um aluno com fama de burro responder a uma pergunta difícil na sala de aula, em frente a todos. O jovem sente a necessidade de viver com emoção cada momento da vida, antes que seja tarde demais. Agindo da forma que lhes convém e achando que assim adquirem superioridade e independência, sentem todo o poder ao invadir um local proibido ou simplesmente fumar um cigarro. 

O filme mostra com delicadeza todas essas sensações de ser jovem. Há um ponto interessante a ser aprendido, de ressaltar o espírito de ser criança que pode ser uma importantíssima lição para os jovens precoces de hoje, quando um dos personagens faz uma linda menção ao fato de ser criança, já que ele “vai viver apenas uma vez essa fase em sua vida”. E é isso mesmo, fazer coisas simples, com pouco dinheiro, mas que rendam milhares e milhares de histórias e saudades no futuro. Um dos grandes trunfos do filme é nos fazer sentir saudade de quando éramos crianças, de quando não tínhamos preocupações e como era gostoso simplesmente descobrir tudo, exatamente como seus personagens na história.

Contrastando com esse espírito de ser jovem e aproveitar cada momento dessa fase há a personificação de uma geração: no começo do filme, somos apresentados aos personagens enquanto eles fumam, jogam baralho e falam sobre coisas de gente grande. A pressa em crescer sempre foi uma das características dos jovens, mas ao traçar esse paralelismo, o filme ganha força principalmente ao provar a ingenuidade dos garotos no final, quando eles encontram o corpo (não estou estragando nenhuma surpresa, afinal, uma das primeiras frases do filme diz que eles realmente encontraram o corpo).



O diretor e os roteiristas conseguiram imprimir nos personagens dentro da história, a pureza e honestidade necessária para demonstrar que a aventura em busca de um corpo que, inicialmente, era um caminho para a fama, mostrando-se um caminho complexo, divertido e emocionate de autoconhecimento e maturidade. Esse é um ponto importantíssimo – não há a esperada consagração dos personagens, mas sim uma violenta sequencia para a realidade, para a morte, para a sensação de estarmos vivos e testemunhando a história. É um crescimento forçado pela situação, cru e real. Todos mudam com a experiência da viagem, principalmente nós, que estamos assistindo-a.

A mensagem final é tão simples e honesta, tão verdadeira e atual, que desmonta o espectador: A importância da amizade geralmente só é encontrada quando essa deixa de existir. E encontrar amizades sinceras, como as que temos quando jovens, fica cada vez mais difícil. Com uma beleza sui generis, o filme nos brinda com lindas paisagens e, ao fim, vemos um Gordie – agora adulto e escritor – lembrando-se com um amor genuíno o verão de 1959 e indagando a si mesmo, depois da morte de Chambers e do distanciamento natural de Teddy e Vern: "Amigos entram e saem de nossas vidas como pessoas que entram em um restaurante." E eles simplesmente se vão. A ultima frase de Gordie nos toca profundamente: "Nunca mais tive amigos iguais aos que tinha aos doze anos. Jesus, será que alguém tem?" De fato, encontrar amizades sinceras é algo bastante improvável. Nem toda amizade é eterna, principalmente as de infância que cicatrizam, mas são difíceis de serem cultivadas até a fase adulta.

Nenhum filme retratou de forma tão gostosa como é época em que somos mais jovens, aprendendo a conhecer o mundo e quanto ver as amizades nessa época são as mais verdadeiras. O fardo que cada um carrega, a esperteza que esconde a inocência e inexperiência, as conversas sobre "assuntos importantes", a vontade de ser alguém no futuro mas de se dar ao luxo de não ser nada mais que um garoto de doze anos. O olhar melancólico, saudosista do narrador sobre aquele período de sua vida é apaixonante. Você se vê envolvido num sentimento alheio, e toma aquilo como seu. São seus amigos, sua saudade. É incrível.