terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Coisas garridas e pequeninas

Pinheirinho:

Tudo é muito trágico. Começo dizendo que a invasão ilegal foi, à época, fomentada  por partidos políticos - os quais, inclusive, pediam que os migrantes de outras cidades e estados viessem com seu título eleitoral. Oportunistas que precisam materializar o malogro como meio de estabelecer sua agenda.

Parece ser um legado já gravado no DNA do brasileiro  a opção pelo caminho mais fácil, pelo uso do "jeitinho", pela esperteza marota, pela "malandragem carioca" (paulista, baiana, acreana, que seja).

A culpa é sempre dos outros. A pobreza nunca foi desculpa para desonestidade. Culpar o estado, a elite, as empresas, o diabo, é coisa que se faz desde o Éden. Estabelecer morada em propriedade alheia, colocar-se, por um lado à margem do estado - para evadir-se de IPTU, energia elétrica, água, esgoto, etc -, e, por outro, inserido no estado, para receber bolsa isto, bolsa aquilo outro é prática que se torna cada vez mais comum.

Massa de manobra - Alguns outros, por desespero e enorme necessidade, incautos, servem de massa de manobra para políticos, ideólogos, sindicalistas...gente que nem mora na "comunidade", que recebe de sindicatos...Lamento pela situação de dificuldade dessas famílias e por serem exploradas por oportunistas do sindicato, dos partidos vermelhos, dos ideólogos de fim de semana...Gente que nem liga para essas famílias...



E ainda tem o oba-oba de Guevarinhas e Mafaldinhas: gente que até semana passada nem sabia o que era Pinheirinho.. e que, em sua enorme preocupação com o bem da humanidade, discute em suas rodas de camaradas e páginas de internet o sucesso do ideal socialista - ricamente implementado em Cuba e Coréia do Norte e, à noite, fazem elucubrações de causar inveja aos delírios nunca sonhados por Marx. Alimentam a sanha de um estado gigantesco, pai de todos - um semi-deus. Faça-me o favor. Tem gente que descobriu sobre o Pinheirinho lendo notícia na internet e, de repente, tem fórmula para resolver todos os problemas da humanidade e já apontam como culpados (ai que preguiça) - num clichê fútil e cansativo - a "elite", o "governo de 'direita'" (ai meu são crispim...nem existe isso no Brasil), a polícia "fascista" (leiam um pouco mais, por favor. Recomendo "Fascismo de Esquerda", de Jonah Goldberg, ou "A Infelicidade do Século" de Alain Besançon) as empresas privadas, e blá, blá, blá. Se discurso de esquerda no Brasil gerasse algum bem, então moraríamos no paraíso na terra...As idéias vindas das torres de marfins costumam ser as mais generosas e menos voluntárias... Deixa que o estado faz!

Triste ver a cidade em que nasci e onde vivo - a qual valorizo imensamente - na boca de gente que nunca pisou por essas bandas. São José dos Campos é terra de migrante trabalhador, de gente que chegou aqui sem NADA, mas com disposição para trabalhar e que foi bem acolhido pela cidade - hoje um é advogado...outro é engenheiro... e assim por diante. Essa história se repete muito aqui. Aqui é terra de "Altinos Bondezans" e "Urbanos Stumpfs", é também de “João” e “Toninhos”, que chegaram para trabalhar e encontraram seu lugar ao sol - e a única bolsa que tinham era aquela que usaram para carregar ferramentas ou livros. Lamento ver São José como palco de gente oportunista ou bobo. Alguns, incautos - cegos pelo discurso estúpido da esquerda beligerante e preguiçosa. Ai.

Seria bom que alguns desses ideólogos usassem ou uma foice...ou um martelo...para produzir alguma coisa melhor do que as garridas e pequeninas coisas que saem de seus cérebros travessos ... ! (fazendo coro aqui com o poeta português Antero de Quental).


Por Tiago Santos

Um comentário:

  1. Caro Tiago:

    ótimo texto e ponderações. Como é fácil ser simplista na análise dessas questões e brandir a ideologia obtusa da esquerda, como solução para probelams que eles mesmos criaram...

    Abs

    Solano

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